terça-feira, 6 de dezembro de 2011

QUEM JÁ LEU GANHA UM DOCE...

"Um jovem casal, Jesse e Madeleine, parecem destinados à felicidade na aristocrática mansão em que vão morar na Quinta Avenida.
Mas durante as décadas mais tumultuadas deste século, o casamento dos Slayter sofre um abalo irreversível."

"O Anel que tu me deste" - Leona Blair - Editora Record.
Título Original- "With this Ring" - (1984) 

Pela introdução pode-se perceber o tipo de literatura que o livro promete.
Isso me faz pensar muito, inclusive no que vou classificar de 'Memórias Literárias'.
Pretensão minha, bem sei. Mas se não sou uma leitora tão voraz quanto o famoso lavrador que saiu nos jornais, por viver numa cidadezinha sem luz elétrica e já ter lido quatro mil livros à luz de velas, minhas leituras me dão, pelo menos, experiência para analisar os livros que carrego na memória.
"O Anel que tu me deste"- (♫ Era vidro  e se quebrou ♪) pertence a uma enorme gama de livros descartáveis.
Após dois anos você jamais lembrar-se-á de tê-lo lido, e mesmo olhando sua capa e relendo sua orelha nada lhe piscará na memória.
Culpava e condenava sem piedade a pequenez do meu cérebro de formiga por esquecer de tantos, mas agora concluí que o problema não é meu, é deles.
O valor de cada livro se mede na mesma proporção em que se mescla ao espírito do leitor.
Se com meio século de vida sou capaz de recordar-me dos livros que li aos 14, 15 anos, citando inclusive nomes de personagens e suas respectivas sagas, como explicar o esquecimento de outros em apenas setecentos dias?
Simplesmente porque nada restou das páginas lidas.
A sensação emocional e memorial é a mesma daqueles que assistem novelas na televisão. Desafio qualquer um a citar , em sequência, as últimas cinco que foram transmitidas. Não há o que se guardar na cachola ou na alma. Fiapos de palha que o vento leva.
"O Anel", propriamente, até faria juz a um relâmpago de lembrança devido ao ridículo do título, mas nem isso... Só após uma folheada no mesmo e a releitura de alguns parágrafos esparsos foi possível reconhecê-lo, e assim mesmo, lá nos cantos da memória.
Mas devo confessar que, se não há densidade como nos grandes romances, ou valor literário como  nos competentes escritores, sempre resta o prazer de ler.
Este "Anel", apesar de vidro rachado, é ótima distração para um dia de chuva ou noite insône.
Há um contraponto nesse raciocínio, o reverso da medalha, muitas das grandes obras não são prazerosas. Como "Os Trabalhadores do Mar" do Victor Hugo, ou "O Vermelho e o Negro" do Stendhal.
Porém, cada página de Victor Hugo, apesar do dicionário sempre à mão, é uma lição da arte de escrever. Seu mar uma pintura, e o amor rouba a força das vagas para dominar a longa história.
Stendhal com a complexidade psicológica de seus personagens nos envolve, indefesos, em sua trama magnífica.
Porém, ler "Quo Vadis" é o mesmo que ter aula de filosofia com uma professora em plena crise de TPM. Não há paixão que resista.
Logo, concluo com meus botões, cada obra tem valor em si mesma. Algumas nos despertam um prazer leve de ler, vontade de se jogar na cama com seu companheiro de seiscentas páginas e saboreá-lo como um doce.
Outras, em estilo diverso nos agradam. Nos roubam o doce da boca, mas agitam nossas ideias e nos deliciam a pensar.
Raro é aquele que, sem constrangimento ou rubor, se dá as costas para nunca mais.


Tela de Edmund Charles Tarbell - (1862/1938)
Pintor Americano.
Terê Oliva
http://tereoliva.blogspot.com.






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