sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O SOL DAS DÚVIDAS

Acordo passeando por ruelas medievais, como algumas que ainda hoje sobrevivem
Em terras que nunca pisei.
Sem bandeiras e com as línguas trocando consoantes, aventuro-me entre elas. 
No relógio de onde escoam algarismos romanos, passado e futuro ardem.
Nesse caos de percepção me perco de mim, e porque mim não conjuga verbo, preciso ser eu para mover a ação devida.
Mesmo sem rastro, caminho  entre os vãos dessa jornada
Com um pensador desconhecido que me faz companhia. 
Sinto na carne o sol das dúvidas e na alma o espanto.
Como sempre me foi fecunda a imaginação, num fiapo de realidade
Toco na face do filósofo louco que se embriagou com perguntas sem resposta 
Abandonou ele suas porções de tentativas para se agarrar nos menores grãos da vida
Tal pequenez, tão tamanha que ninguém compreende
Afirma em suas espirais que o tempo e o espaço não existem.
Somente o homem o mede e o pisa sob as estrelas que dele riem.
Ao se ver nesses giros enlaçado, o pensador renasceu como um mago de sua própria ilogicidade. 
Não menos louco ou menos sábio, porém descabelado com sua lupa cega
Criou hipóteses, mas sem desvendar do universo tal enigma.
Eu que prossigo minha andança, em tudo penso e analiso.
Perco-me nos séculos dentro do meu próprio cérebro
 Já nem sei o que é verdade, ou se a verdade de verdade existe.
Sento-me na cama como despertando de um sonho... 
Prendo os cabelos e sacudo o pó de minhas conclusões irrelevantes.
Nessa nuvem de poeira, beijo na boca o profeta dos axiomas impossíveis
Que dentro de um velho livro sem capa encontrei. 


Tela de Alfred Augustus Glendening - (1861/1907)
Pintor Britânico.

Teresinha Oliveira
Terê Oliva
http://tereoliva.blogspot.com.br

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