domingo, 11 de dezembro de 2011

A FORTUNA


O sonho da fortuna persegue a humanidade e a agarra pelo pé; como o da beleza, o do amor eterno, o da felicidade sem nódoa.
Logo se vê ela presa na utopia sonhada e jamais cumprida.
Nessa armadilha enredados, nós, pobres e caricatos mortais, procuramos o Olimpo, a Fonte da Juventude, o Pote do Tesouro no fim do arco-íris. 
O Espelho Mágico que repete incessantemente sermos os mais belos, a Poção Alquímica que tudo transforma em ouro, mesmo ao pão, que no metal forjado nos matará de fome.
Admiramos e invejamos àqueles que se destacam entre milhões, seja lá por qual motivo for, só a cada um de nós compete conhecer a frustração da própria vontade.
Que me perdoem os demagogos e mentirosos que nem a si mesmos contam a verdade... Inveja é inveja! Não possui cor nem extensão.
Difícil escapar dela, quando nosso desejo desfila ante nossos olhos em posse do outro, mas esse selo que nos aprisiona devemos romper, para não azedar a boca e corromper a prece. 
Se a juventude deslizou entre os dedos das horas e deixou os sonhos lá trás sem tijolos e argamassa, a vida permanece na palma das mãos.
Nela podemos pintar telas com navios partindo, bailarinos dançando tango, amantes se beijando às margens do Sena, meninas correndo com cabelos ao vento, e bancos, muitos bancos num jardim para sentar e soltar aos céus os 
pássaros da imaginação, que se não traz ao real nenhum bem, também mal não faz.


Tela de Marinus Van Reymerswaele - (1490/1546)
Pintor Holandês.

Terê Oliva  

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