sábado, 23 de julho de 2011

REDOMA.

Na redoma prisioneiro
Escudo invisível
A proteger
Dos retalhos de afeto que por pouco não há
O rijo senhor
Que no vidro selou morada
Sem fresta possível
Por onde rachar.
Diamante em risco inútil
Nessa transparência de sombras.

Assim prossegue aquele
Que no embate merecia fé
Até um naco de amor talvez.
Entretanto
No silêncio do peito lacrado
Basta-se só.
Definha triste, dialeto nefasto
Esperando por ela
Que com foice na pedra do músculo afiada
A redoma estilhace
Libertando o ser
Que na cela sem honras
Vivo jazigo
Só por ela ansiou.

Óleo em tela de Imre Szobotka
(1890/1961)
Pintor Húngaro

Teresinha Oliveira - (1995)

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