Num recanto da minha alma sem eira nem beira
Descansa um anjo, nem bom nem mau
Apenas um anjo com asas depenadas.
Na outra quina vive um demônio sonâmbulo
Sempre torto de sono, desassossegado
Que vez ou outra, perverso
Arranca mais penas do anjo.
Este, pobrezinho, se esquiva gemendo
Com dor de pena arrancada e atrás da própria dor se esconde
Toda vez que mais dele preciso.
Com meu jeito distraído
Quase volátil de pensar nas coisas todas
Observo e tento intervir, juíza de toga rasgada
Quando a decisão é de crianças
De querubins, de diabruras.
Mas quando o céu pega fogo a me apoquentar o juízo
Arcanjo contra Satã em duelo imortal
Eu só me encolho e espero
Com a face de serenidade forjada
O turbilhão das emoções desaguarem
Para saber o que não fazer de mim.
Para saber o que não fazer de mim.
Obra de Lisa Lichtenfels
Escultura em tecido
Terê Oliva
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