quinta-feira, 21 de julho de 2011

MEU JARDIM DO DEPOIS.

Antigamente, já contam os livros e os sábios,muitos povos criam que quando o sujeito ía para outro mundo, seguia um rio que para lá o conduziria. Num barco ele partia com todos os seus cacarecos. Alguns, com crueldade e poder, levavam escravos, concubinas e mais quem lhes aprouvesse para os servir.
Os tempos mudaram e o rio secou. Mas o homem, bicho esperto e sorrateiro, imitando os vickings e outros mais, experimentou a fogueira e gostou. É rápido e limpo; os chorões não tem tempo para as muitas lágrimas que constrangem a todos, e que julgam no volume chorado mostrar prova de apreço pelo falecido.
Esquecem-se eles que dor não se mede, que ela fica lá no fundo do ser, doendo numa saudade que, às vezes nem dói, só traz lembrança boa e um sorriso quieto, que só o sorridente sabe o por quê.
O ser vira cinzas e outro problema moderno se cria. O que fazer com elas? Tem gente precavida que já deixa destino escrito e carimbado. Quer ir para o mar; outro para as montanhas, ou outro ainda, quer se deitar nas terras da paisagem onde sonhou ir e nunca foi.
Eu, que tenho medo de fogo e sou apaixonada por grama, sendo meu cheiro preferido senti-la cortada rente, esse dilema não deixarei para ninguém resolver.  Só desejo nessa hora o mínimo jardim que me cabe e onde eu caiba nesse mundo de tanta terra e sal.

Tela de Anna Berezovskaya
Pintora Russa

Teresinha Oliveira.   

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