sábado, 23 de julho de 2011

À DERIVA

Meu amor, perdoa o nó cego
Sem rotas a cursar
Não tens mais em tuas mãos
O norte da minha vida.

Não quero mais te acompanhar
É teu o timão destino
- Escura lua guia -

À mim sobram dunas, praias
A fúria das paixões que vibram
No estalar do açoite a me lanhar
As coxas, os seios
Tatuagens em profundos cortes.

Minha ternura, livre do vulto teu
Mira as cadentes
E aprisiona nos olhos
Esquiva visão, possível enfim.

Não mais a maré indecisa
Que nunca enche para me fartar
Do sal da água
Do arrepio que o frio traz.

Parada na pedra da beira
Com vestido estampado
Nos peixes com asas, escamas de luz
Espero.
Quieta espero
Com um sonho guardado na palma da mão.

Tela de John McGhie - (1867/1952)
Pintor Escocês

Terê Oliva

2 comentários:

Anônimo disse...

Com o sonho guardado na palma da mão.

JasonJr. disse...

Eu adorei este e do cima!
...e lá "minha doidera" é assim mesmo, aquele "tópico ou titulo" eu gosto de postar as coisas mais...