domingo, 3 de julho de 2011

INSÔNIA.

    Minhas insônias são sempre inspiradas. Quando desisto de dormir, dou adeus a Morfeu, pulo da cama e encontro o tempo com mãos cheias de desejos, aguardando o momento do ócio para me estender líquida pelas horas. Promessas de prazer, é certo, porque o prazer nunca é infalível e, às vezes, o tempo se revela apenas como perda, e roxas olheiras no dia seguinte.
    O café limpa o cérebro e desnuda as opções, e é do seu sabor que parto para meus livros a ler. Amigos fiéis que não desistem de mim e que acolhem como irmãos: os rôtos de sebo, os velhos, os novos, até o caçula, que ocupa o primeiro lugar em meus carinhos e o topo da pilha, sem ciúmes dos outros tantos.
    Os filmes também me seduzem, em número menor, é verdade, mas com o fascínio de não me gastarem tanto os olhos e dispensarem a caçada aos óculos, que nesses momentos podem se esconder sob qualquer moita de almofadas, ou se tornarem invisíveis no alto da minha cabeça.
    Ligo a televisão, o que é acolhedor nessas horas-mortas; sem nada a escolher ou ver, somente o barulho para afastar os fantasmas da solidão, os latidos do cão do vizinho, os ruídos da rua que não despertou comigo.
Após tanto movimento e indecisão canso de mim mesma, sinto frio e vou dormir.


Tela de Thomas Cole - (1801/1848)
          Pintor Inglês.


       Teresinha Oliveira.

3 comentários:

Penélope disse...

As minhas insônias também me inspiram muito...por isso não importo de senti-las...
Abraços

Liliane disse...

Putz, minhas insônias só me dão olheiras e improdutividade no dia seguinte.

Raquel Amarante disse...

Nossa! Adorei! inspirador...