domingo, 21 de agosto de 2011

ANJOS CAÍDOS DO CÉU POR DESCUIDO 2



George Bernard O'Neill - (1828/1917)
Pintor Irlandês
As Crianças...
Esconde-esconde é brincadeira antiga e muito divertida, mas quando eles desaparecem por tempo longo demais, perde a graça.
Não adianta gritar pelos quatro cantos da casa chamando o bichinho escondido,
porque ele não acredita que a brincadeira acabou e na sua toca permanece, mais silencioso ainda.
Você começa a procurar de verdade e não acha.
Será que eles saíram de casa?


Gustave Doré - (1832/1883)
Pintor Francês.
Pedem à exaustão, sua é claro, para você contar histórias de princesas, piratas e dragões.  Em vez de dormir mais se agitam com as aventuras e querem outra e mais outra. Pior fica quando a história é criação sua e você mal se lembra que hipopótamo é esse, que quase morreu afogado para salvar o jacaré.


Hermann Seeger - (1875/1945)
Pintor Alemão.
Nas viagens a lugares distantes- sítio de avó, casa de campo de amigo- eles se embrenham pelas trilhas e de lá não voltam, nem quando a noite se avizinha.
Só então você descobre que a lanterna não tem pilhas, que por lá tem cobras e mais cobras e que ninguém  deles sabe, ninguém viu. 
Logo fica rouca e maluca, e só escapa do ensaio de ataque cardíaco quando eles voltam sorridentes, com flor na mão, contando o que viram por lá.

Tela de Jean Ulisse Roy

Eles esgotam a paciência de qualquer um quando sujam a roupa nova, caríssima, ainda a pagar em três vezes sem juros no cartão, minutos antes de sair.
Logo para o aniversário do caçula da amiga que tem o marido riquíssimo, mora em condomínio de luxo, carro do ano e filhos perfeitos.
A angústia cresce mais ainda quando você recorda que ela casou com seu ex-namorado, aquele que você dispensou porque beijava mal e na escola nem de ano passava. 

John George Brown - (1831/1913)
Pintor Inglês.
Há que se ter muito cuidado com bactérias e afins, porque sua casa vez ou outra se transforma num hospital veterinário, que acolhe os cães e gatos estropiados  da redondeza inteira.
Passarinho até pode, você mal reclama, porque morre logo ou voa embora.


Karl Witkowski - (1860/1910)
Pintor austríaco.
Você fica sem graça quando o vizinho, sujeito ranzinza e grosseirão, bate à sua porta para reclamar dos ladrõezinhos que roubaram algumas mangas, meio podres, que ninguém jamais comerá.
Mas não foi essa a educação que eu dei a eles, o senhor me desculpe, ficarão de castigo e mais blá-blá-blá...


Joseph Seymour Guy - (1824/1910)
Pintor Americano.
Eles deixam qualquer mãe embaraçada quando começam a mexer em tudo na casa alheia. Não adianta recomendar várias vezes antes da visita. Finjam que são educados, por favor. Parece que o aviso instiga a curiosidade e os leva crer que por lá existe algo realmente interessante a procurar.


William Hemsley - (1819/1893)
Pintor Britânico.
Há sempre um pestinha, que com requintes de crueldade, transforma a mais querida boneca da irmã numa irreversível careca. Ela, num ímpeto de vingança, joga pela janela do 4o andar o carrinho novo dele.
É hora de você arrancar seus próprios cabelos e se jogar pela janela.


André Henri Dargelas - (1828/1906)
Pintor Francês.
Quando chegam à idade de brincar de médico com primos e amiguinhos, é hora de ficar alerta e se preparar para perguntas constrangedoras.
A curiosidade pelo sexo oposto e as emoções do primeiro beijo e toques  quase sempre começam aí.  


Chelin Sanjuan - (1967)
Pintora Espanhola Contemporânea.
Animal solto na rua provoca pânico em qualquer mãe, pois ela bem sabe que só por sorte o filho até hoje não foi mordido por um cachorro sem dono, ou pegou sarna dos muitos gatos da vizinhança que abraçou.


Sophie  Gengembre Anderson - (1823/1903)
Pintora Francesa.
Depois de ouvir a palavra mãe, de contar 1,2,3... zillhões de vezes no curto espaço de um dia, apesar de tanta agitação e cansaço, você percebe que sobreviveu incólume.  Não desistiu, não infartou, nem mandou-os  por tempo indeterminado para a casa da vó.
Com um amor que você mal compreende vai colocá-los para
 dormir,  pedindo  a todos os santos para se  lembrar do bendito hipopótamo, aquele que salvou o jacaré.

Terê Oliva



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