terça-feira, 2 de agosto de 2011

O MAGO DOS DESEJOS


Desconheço a arma usada ou o artifício que tão pronto me rendeu
Os cabelos agarrados por essas mãos do amor sem escape.
Poção qualquer me cegou com os pós de sua voluptuosa alquimia
Me rasgou o calcanhar, calando o passo.

Tua boca salgou minha saliva e nossos lábios
Selou com o lacre rubro de beijo e silêncio
No meu corpo o pergaminho de nossa história escreveu
Com idiogramas de uma língua já morta.

Tuas mãos, sem onde mais estar, nossas células e membros
Engalfinhou em nova etnia, gens que gozam na torção da escada
Degraus que se cruzam e descruzam sobre chão de pedra
Entre o meu corpo que em líquido se desfaz.

As teias bordadas em cegos nós por cegos dedos
Pelo Mago da Aranha, das águas, dos lençóis, das febres
Tolhem o movimento e a razão ao aprisionar a amante
Com seu poder de exímio tecelão.

Guerreiro que domina o território da minha vontade e espírito
Camuflada armadilha de armadura e espada em riste
Que detém o ímpeto de escapar.

Tela de Joanna Chrobac
Pintora Polonesa
Óleo sobre tela - 100 x 120 cm

Terê Oliva - 1996
http://tereoliva.blogspot.com.br


Um comentário:

Anônimo disse...

"Cavaleiro que domina o território do meu corpo e espírito." adorei!