Lygia.
Será que terei a benção da vida para te seguir pelo tempo até o abandono das bonecas?
Até a doação dos brinquedos, sem lágrimas, que transbordam dos baús?
Até a escolha da profissão, que agora oscila como a gangorra da pracinha: quando sobe, bailarina; quando desce, médica de bichinhos; quando sobe, cantora... E sempre mais e mais alguma, que no momento da brincadeira descobres?
Até pisares firme, sem estremecimentos na corda bamba do futuro, onde na imaginação do circo, tropeças e rolas pelo chão diante da amorosa platéia que aplaude e pede bis?
Até pulares vitoriosa sobre os inevitáveis obstáculos, mestre em saltos desde o pula-pula da infância?
Até falares inglês, francês, quiçá mandarim, sem o blá-blá-blá maluco que finges ser outra língua, e tanto nos diverte?
Até dirigires teu próprio carro, sem medo dos guardas fictícios que te convencem a sentar no banco de trás?
Até comeres espinafre, carne-moída e agrião?
Até beberes vinho à vontade, na bojuda e alta taça que preferes, sem o roubo dos golinhos nos copos alheios?
Até usares salto-alto e roupas elegantes que te deixem bonita de verdade; não essa mambembe figurinha que desfila pela casa após devastar o guarda-roupa da avó?
Até as bolinhas coloridas da piscina enfeitarem teu encontro, linda Barbie-Princesa, com o Príncipe matador de dragões que te acordará para o amor como tantas e tantas vezes te acordei, com um beijo na face?
Tela de John Callcott Horsley - (1817/1903)
Pintor Inglês.
Terê Oliva
http://tereoliva.blogspot.com.br
http://tereoliva.blogspot.com.br
2 comentários:
Belíssima a imagem assim como as palavras de afeto.
Abraços
A menina da pintura parece muito com ela, por isso a escolhi. Grata pelo carinho.
Postar um comentário