quarta-feira, 10 de agosto de 2011

MÁGOAS MOFADAS

Também amadurece a dor.
Com um pouco de sorte, cai do pé como manga madura e perde
A juventude e a rebeldia dos tempos primeiros
Onde gritava aos quatro ventos, despudorada, sua extensão e motivo.

Sem que ninguém perceba por ser tímido esse contentamento ligeiro
Senta-se o ser sofrido onde possível for, numa cadeira de balanço
Talvez num pedaço quebrado de muro do quintal e
Ali tece as mágoas mofadas.

Ou, dependendo do gosto e desgosto 
Casa retalhos de tecido, trabalhando as mãos
Com essa angústia grudenta que ali
 Nem tanto se sabe mais.

Emenda pedaços de uma nova vida
Com fios de linha que se cruzam no destino que a agulha risca
Ao desenhar novas imagens que levam para longe
A dor que de tão usada, definhou.


Tela de Theodore Robinson - (1852/1896) - Pintor Americano

Terê Oliva
htpp://tereoliva.blogspot.com
   


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