Faça de mim jardim e fortaleza, de granito muralhas
Com rosas amarelas, vermelhas e azuis
A brotarem na rocha viva.
Faça de mim tua pedra, tua flor
Minhas coxas tua cama, do meu corpo teu labor.
Bebe da minha boca a água sedento
De minhas pupilas arranca a luz
Para iluminar tuas noites insônes
Dos meus seios alimento
Sacia tua fome e a dos filhos teus.
Sangra meus pés em bolhas purulentas
Em cada milha que trilhar
Mas não armes minha mão nem fortaleças o braço meu
Com adagas afiadas no frio fio da traição
Pois, insidioso inimigo, gota de piedade alguma
Transborda de minha taça.
Não cruzarás meus passos sem bebê-la
De vingança puro fel
Veneno em vinho diluído a desfazer tuas entranhas
Teus membros paralisar
Cada célula de dor medonha
Murcha na espera de clemência e perdão.
Quebra-cabeça de males armado, cada peça maligno dom.
Dias de arrependimento contorcidos
Só restando a ti
O da morte desejar.
Obra de Luis Gabriel Pacheco
Artista Mexicano.
Terê Oliva - 1995
http://tereoliva.blogspot.com
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