sábado, 6 de agosto de 2011

A BORBOLETA QUE NÃO ERA AZUL

Vi uma borboleta azul
Mas não era azul.
Era prateada
Mas não era prateada.

Parece agora, longe
Da folhagem úmida
Que o azul apaziguou-se em prata
Ou a prata azulou de orgulho
Ao pintar asa tão largas.

O avesso das asas era ocre
Cor de chão lamacento.
Lembrança da lagarta de outrora
Hoje carcaça seca
Em alguma árvore abandonada.

Túmulo e berço
Da magnífica borboleta
Que voa cingindo sobrevoos
Imune à rede dos homens
Nesse recanto de floresta
A espargir lágrimas de orvalho
Na manhã prata e azul.

Tela de Guillaume Seignac - (1870/1924)
Pintor Francês.

Terê Oliva
http://tereoliva.blogspot.com.br

2 comentários:

Anônimo disse...

que magnífica a sua escrita.

Non je ne regrette rien: Ediney Santana disse...

o vai e vem no jogo de ideias , faz do poema um convite a esta viagem colorida e cheia de coisas não ditas