Salivo por um bocado da fruta.
Um naco que os dentes consigam arrancar.
O doce da polpa, o néctar escorrido
A lambuzar o queixo e o ventre.
Salivo pelo sabor sobre a língua
Que a terra fértil sem o pensar gerou.
Garganta em nó
Coração de amor a rebentar.
A boca escorre o apetite que jamais se farta
Faminto sempre.
Tolhida fome em pão distraída
Alijado espírito, calada música
Esquecida poesia no alimento engolido.
Partam-se todos os ossos.
Desfaça-se o cálcio que o esqueleto compõe
Sequem os músculos atrofiados sem função
Que a luz e o som, em ondas se diluam no universo.
A dor que tiver que doer, sem compaixão se manifeste.
Sem carne, sem sangue, o ser se aniquile.
Que a eletricidade da mente se apague
Que Deus se omita e abandone a obra
-Distorcida cria-
E o diabo em festa se regozije.
Que danem-se os homens e sofra eu as consequências...
Mas que o paladar sobreviva.
Tela de Jan Davidz de Heem - (1606/1683)
Pintor Holandês
Teresinha Oliveira.
5 comentários:
Uau, impactante! Nunca mais volto a pedir-lhe que observe as taxas de glicose do hemograma.
Brincadeiras à parte, que plasticidade nos oferece seu texto! Chegou a escorrer o sumo da fruta por aqui também.
Reli... Esse vou levar para a análise. É bom na mesma proporção que é brutal.
Neruda com Bukowski, você hoje!
Quando se gosta........
Beijo
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